“Querido diário...”

por Lia Bock

Fuja dos escritos do seu cônjuge!

Fuja dos escritos do seu cônjuge!

  Eu não sei se existe no mundo alguma relação que sobreviva a uma fuçada no e-mail, celular, caderninho e afins. Saber o que a sua gata queixa para as amigas ou o que o bonitão anda falando para a Carlinha pode entrar como uma facada certeira no coração (cravada assim, pelo ladinho, e saindo pela frente). Algumas palavras, lembranças mórbidas e pensamentos sujinhos não foram feitos para serem divididos com quem dorme ao seu lado. Por exemplo: se você está repensando o conceito de fidelidade – só repensando, por ora, divagando, nada sério – a última pessoa que deve ter acesso a isso é a mais envolvida na história. Sim, porque deixar por descuido que a pessoa veja a troca de e-mails que você teve com um amigo sobre o tema não tem nada a ver com chamar para uma conversa franca sobre a nova proposta de casamento aberto. Frases como “acho que preciso comer outra mulher” ou “estou cansada daquele sexozinho lá-em-casa” podem matar um cônjuge. Mesmo.

  Eu não sei que tipo de gente ainda faz diário, mas dizem por aí que esses seres existem e têm uma certa ânsia por deixar vazar na folha anseios, devaneios e fatos. Fuja desses escritos! O risco de querer se atirar pela janela lendo sentenças sobre como você trepa, como você não trepa ou, pior, como a Carlinha trepa é enorme. Não ler o diário do cônjuge é amar a si mesmo. Queime! Entregue para uma amiga ler! Faça uma mandinga! Mas não leia. Até porque, se a pessoa quiser te dizer alguma coisa, ela que diga! Não facilitemos a vida dos preguiçosos e emocionalmente desajeitados, né? “Sem querer” um arquivo de texto ficou aberto no computador? Feche! Há um caderninho bonitinho sobre a mesa? Jogue pela janela! Se você não ficar com essa pessoa por aqueles 20 anos planejados, pelo menos vai economizar uma bela grana em terapia.

Para seguir: @euliatulias

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